terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Resgate

Resgate
Luiz Carlos Meneses 

Pra não deixar morrer,
decidi lhe ver.
Decidi aparecer,
só pra não deixar morrer.


Por ora há muito movimento,
a vida é toda confusão.
Falta fôlego, falta espaço,
sobra preocupação.


A cada dia, um dilúvio,
em cada noite um apagão.
O corpo range e reclama.
A cabeça queima em vão.


Mas ainda sou poeta, sabe?
Ainda sou pateta, profeta, pária apaixonado, plebeu e pagão.
E pra não morrer,
resolvi lhe dar a mão.


Eu te amo,
poesia.


E ainda estou aqui.

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E você, caro leitor, ainda está aí?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Devaneio

Devaneio
Luiz Carlos Meneses

Eu refaço o que me cabe negar.
Olho as coisas com renovada curiosidade.
Ânsia de ser-a-vir.
Coragem de se derramar.

Um cofre de poeirentos tesouros
arremesso pela janela.
A riqueza tola é a completa pobreza
das almas que se vão sem penar.

Clara é a cor de tuas doces paisagens,
que teimo em novamente explorar.
Cortante o olhar do dia que corre...
Sem explicações, morre.

Vai o poeta escorregar no vão da esquina interior.
Aldeia de índios incólumes ainda hoje.
Verso que, escrito ao acaso,
deteriora-se sem que lido fosse.



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De volta.

Grande e afetuoso abraço!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Queda

A Queda
Luiz Carlos Meneses

Eu vi sua queda.
Foi uma daquelas que dão medo,
mas ensinam o segredo
de se saber levantar.

Pois buraco não é caminho,
a lama não faz carinho,
o pior é se acomodar.

Eu vi você se erguer,
vi você querer,
eu vi você chorar...

E eu quis tanto lhe dizer,
que há de tudo em você,
há mais força do que fossa.

Esqueça o moribundo,
reinvente o seu mundo,
saiba mesmo se reencontrar.

E chute o pé que lhe pisava.
Quebre a vil corrente que escravizava.
Cubra de socos
o seu antigo capataz.

Você é capaz.

Siga em paz.

Ande.

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Agradeço, prezado leitor e prezada leitora, por aceitar o "Convite".

Fiquemos firmes com o desejo de viver em poesia.
O convite sempre se refaz.


Grande e afetuoso abraço!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Penoso Despertar

Penoso Despertar
Luiz Carlos Meneses

Penoso despertar, após sonho intempestivo:
é tão doloroso ser insone!
A cada minuto some
a refinada habilidade de adormecer...


É dura a tarefa de recolher os despojos
e o espólio consagrado à desolação.
Quando tudo que se faz é vão,

pouco sobra do que se imaginava ser...


Vão os olhos brincar no vão infinito,
no finito, na imagem viva do que passou,
na escura parede do quarto onde estou.
O que brota em mim é indesejado.



Há o tempo em que tudo é simples,
tempo corrente, de tolice e ilusão.
Armei o circo e sou a atração:
no picadeiro, o espetáculo da vida vivida sem razão.

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Agradeço, prezado leitor e prezada leitora, por aceitar o "Convite".

Em meio a um período de grande turbulência, entre monografia, trabalho e outras questões,

a poesia, misteriosamente, permanece.
O convite sempre se refaz.


Grande e afetuoso abraço!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma Batida


Uma Batida
Luiz Carlos Meneses

A batida do coração
que ruge
e muge
e surge
vem me acordar.

Ela soa
e ressoa.
Se faz pessoa
com algum movimento.

E pulsa
é avulsa
e expulsa
de mim o maquinar.
Da máquina, o bafejar.

Ela é tortura
e pouco dura.
É vida pura
e vem me alentar...

A batida é esperta
faz um alerta
é ferida aberta
não tem solução.

A batida do coração
substitui o bocejo
alivia o pejo
de sangue é toda desejo
de sangue é toda tensão.

E vem me acordar
e vem me pulsar
e vem me alentar:

"pretenso humano".



Agradeço, prezado leitor, por aceitar o "Convite".
Após longo tempo sem postagens, a poesia se impõe a mim novamente.
Sigamos juntos dela, nesse convite que compartilhamos!


Abraços a todos e até!

quarta-feira, 16 de março de 2011

14 de Março - Dia Nacional da Poesia*


Tecer poemas:
absurdo modo de (re)fazer-se humano.




*não esquecendo: todo dia é da poesia... Viva Castro Alves!



Obrigado, leitor, por aceitar o "Convite". Volte sempre!


Abraços a todos e até a próxima!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Após a Vidaurora

Após a Vidaurora
Luiz Carlos Meneses

Quando, após a vidaurora,
vir finalmente a escuridão,
a mais noturna das noites
será convite à solidão…

Encontrarás o teu avesso,
e verás o que hoje nega.
Saberás que a vida é laço
e que esconder-se é vão…

Descobrirás que és o pó
e que a ordem natural
indica que não há ordem.
Somos todos efêmeros.

Saberás que a última gota
vale como qualquer outra.
E que uma chuva é única:
só se chove uma vez…

Terás menos histórias
do que gostaria de contar.
Mas sentirás na pele
o peso de cada dia vivido.

Tua companhia, então,
será apenas a incerteza:
quantos dias ainda?
quantas noites ainda?

Irás sonhar com a vida
que, tolamente, não viveste.
Lamentarás, enrugado,
cada dança que não dançaste…


Agradeço, prezado leitor, por aceitar o meu "Convite". Seja sempre bem-vindo!

Abraços a todos e até a próxima!